12/10/2013 - Folha de SP
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Há exatos 150 anos, Londres inaugurava a primeira linha de metrô do mundo e uma nova era para o transporte de massa das metrópoles.
Passado tanto tempo, a modalidade ainda é a solução mais indicada para grandes concentrações urbanas, mas engatinha nas principais capitais brasileiras.
Ao menos seis cidades do país possuem metrô, que, somados, chegam a 254 km --número que pode variar, pois algumas delas consideram trens urbanos como metrôs.
De qualquer forma, é bem menos, por exemplo, do que a capital inglesa (402 km) e Nova York (368 km).
Fora São Paulo e Rio --que, embora tenham redes insuficientes, devem dobrá-las nos próximos anos-- os projetos em curso empacaram.
Porto Alegre, Salvador e Curitiba, que juntas têm 6,2 milhões de habitantes, vivem um roteiro parecido, com idas e vindas de projetos e dificuldades de financiamento.
Na capital gaúcha, o custo estimado para a construção é de R$ 5 bilhões --mais do que o gasto com os estádios da Copa, já prontos. O valor se refere a um ramal único, de 10 km, que beneficiaria parte restrita do município.
A frustração é ainda maior porque o traçado original foi reduzido para cortar custos.
A obra foi lançada em evento em 2011, com a presidente Dilma, mas até hoje nem a forma de financiamento foi definida.
Dilma rejeitou no mês passado a proposta do município, governado por José Fortunati (PDT), de bancar R$ 2 bilhões. Disse à época: "Se eu ficar dando recursos a fundo perdido para todo mundo, não vou ter fundo perdido para dar." Ainda não há previsão nem sequer de quando a licitação será feita.
Em Curitiba, a troca de comando na prefeitura, no começo do ano, levou a uma reavaliação de todo o projeto.
A pedido do prefeito Gustavo Fruet (PDT), um grupo estudou o que havia sido anunciado e concluiu que os custos estavam subestimados.
O previsto em 2011 era uma linha de 14 km ao valor de R$ 2,3 bilhões. Os novos estudos apontam o dobro, em parte devido a um prolongamento da linha. Também não há prazos definidos.
Se as duas capitais do Sul tentam superar obstáculos para começar de vez a construção, em Salvador a dificuldade é inaugurar uma obra que se arrasta desde 1999.
O metrô de Salvador nunca transportou nenhum passageiro e já foi alvo até de CPI. Neste ano, teve sua responsabilidade transferida da prefeitura para o Estado.
Com seis estações prontas, a nova promessa é deixar a linha inaugural pronta a tempo da Copa do Mundo.
"É preciso envolver todas as esferas e firmar um compromisso de que, independentemente de quem ganhe as eleições, haverá projeto", diz o engenheiro Miguel Bahury, ex-presidente da Metrô-RJ e consultor em transportes.

ENTENDA OS MEIOS DE TRANSPORTE
Metrô
É o veículo com maior capacidade de transporte: leva 80 mil passageiros por hora em um sentido
As desvantagens são o preço de construção (R$ 500 milhões por quilômetro linear na cidade de São Paulo) e o tempo mais longo da obra
Monotrilho
É um trem sobre trilhos elevados. Transporta até 48 mil pessoas por hora, segundo o Metrô de SP
O custo da construção é elevado (R$ 200 milhões o quilômetro linear) e traz o risco de degradar o entorno de onde passa por circular em pilastras suspensas
VLT
Sigla de "veículo leve sobre trilhos", é a versão contemporânea dos antigos bondes, sem o barulho
Pode transportar 40 mil passageiros por hora. O VLT da Baixada Santista custa R$ 60 milhões/km e sua capacidade é de 7 mil passageiros por hora
BRT
Apesar da sigla em inglês ("bus rapid transit" ou ônibus de trânsito rápido), é uma invenção brasileira
Nasceu em Curitiba, nos anos 70, a ideia de criar corredores segregados e estações onde se paga antes entrar no ônibus
Comporta 30 mil passageiros por hora e custa R$ 40 milhões por metro linear
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