sábado, 9 de março de 2013

Projeto atual do metrô vai precisar de até R$ 200 milhões em subsídio

05/03/2013 - Gazeta do Povo

Prefeito de Curitiba pede prazo ao governo para rever projeto. Custo de operação maior que o previsto é uma das justificativas

A implantação da proposta atual do metrô curitibano, finalizada durante a gestão Luciano Ducci (PSB), depende de um subsídio anual de R$ 190 milhões a R$ 200 milhões, segundo o prefeito Gustavo Fruet (PDT). A definição de quem vai bancar essa despesa (município, estado ou União), assim como medidas para diminuir o valor, é uma das justificativas da prefeitura para a revisão do projeto para a obra. A estimativa é que as mudanças sejam finalizadas em 60 dias.

Fruet tratou das alterações on tem com as ministras da Ca sa Civil, Gleisi Hoffmann, e do Planejamento, Miriam Bel chior, no Palácio do Pla nalto. O prefeito declarou que a composição do projeto pode ter outras fontes de receita e ser beneficiado com reduções tributárias. "Mas é preciso amarrar isso já, não depois que o metrô estiver funcionando." Nas contas dele, se a prefeitura arcar com o subsídio sozinha pode comprometer toda sua capacidade de investimento apenas com a operação do metrô.

Em junho do ano passado, ainda na gestão Ducci, a prefeitura lançou o edital de licitação da obra, avaliada em R$ 2,33 bilhões. A previsão era de que a operação do sistema custaria R$ 170 milhões por ano, com base em uma tarifa técnica por passageiro de no máximo R$ 1,81. O valor correspondia à soma do custo operacional (R$ 1,15 por passageiro), que foi reduzido devido ao repasse da verba de R$ 1 bilhão a fundo perdido pelo governo federal, com o lucro da concessionária responsável pela operação (R$ 0,66 por passageiro).

Fruet viajou a Brasília acom panhado por uma equipe de técnicos encabeçada pelo secretário de Planejamento e Gestão, Fábio Scatolin. A prefeitura também quer a chancela da Empresa Brasileira de Projetos (EBP), vinculada ao BNDES e ao Banco do Brasil, na formatação do novo projeto. "Precisamos de um projeto básico com mais consistência antes de lançarmos o novo edital", afirmou Fruet. A expectativa dele é de que, depois da conclusão das mudanças na proposta em 60 dias, a licitação possa ser realizada durante o segundo semestre e as obras comecem em 2014.

Traçado não muda

O prefeito garantiu que, apesar das alterações, a linha vai seguir o mesmo traçado, de 14,2 quilômetros. Ele descartou a possibilidade de utilizar o recurso de R$ 1 bilhão do governo federal em outra obra. "É um dinheiro carimbado para o metrô, não tem como mudar. Se eu pudesse fazer isso, como já disse antes, teria destinado para a melhoria do atual sistema.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Curitiba: O metrô pode virar bonde

04/03/2013 - Gazeta do Povo, Celso Nascimento

Considerado economicamente inviável e de reduzida utilidade para a maioria da população, está praticamente sepultado o projeto de metrô de 14 quilômetros

Trabalha-se agora numa alternativa muito diferente e mais barata: o bonde moderno, também conhecido como VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), para percorrer uma circunferência de 38 quilômetros interligando seis grandes terminais da cidade. Estes terminais já servem os usuários de todos os mais populosos bairros de Curitiba e dos municípios atendidos pela Rede Integrada de Transportes (RIT).

A coluna antecipa os conceitos básicos do novo projeto, mas avisa: ainda não há consenso entre os técnicos da prefeitura e nem sequer foram feitos contatos preliminares com o governo federal, que já se havia comprometido a liberar a fundo perdido R$ 1 bilhão para o projeto original.

São dois, portanto, os primeiros desafios para colocar a nova ideia em pé: a) concluir os estudos de viabilidade técnica e econômica; e b) se aprovado o projeto nesta primeira fase, convencer o governo federal a redirecionar para o VLT o recurso prometido para o metrô (aliás, nesta segunda-feira, Gustavo Fruet estará em Brasília para tratar de mobilidade urbana). Mas há ainda um terceiro desafio: vencer a corrida contra o tempo visando a lançar a licitação antes do fim do ano para não perder a ajuda da União.

A comparação
Idealizadores do novo projeto comparam a nova solução com a do metrô:
Metrô
• Linha única de 14 quilômetros, do Pinheirinho à Rua das Flores.
• Necessidade de escavação das canaletas e remoção de milhões de metros cúbicos de terra e lama, com graves prejuízos para comércio, moradores, trânsito e para o próprio transporte coletivo durante (muitos) anos.
• Atendimento a apenas 15% da população usuária do transporte coletivo e limitado apenas à região sul de Curitiba.
• Custo subestimado de R$ 2,3 bilhões (oficialmente, R$ 165 milhões por quilômetro; extraoficialmente, há quem calcule em R$ 250 milhões).

VLT
• Um anel de 38 quilômetros atendendo praticamente todos os grandes terminais e estações intermediárias que servem aos passageiros urbanos e metropolitanos (veja mapa abaixo).
• Atendimento potencial de 150 mil usuários por dia.
• Reduzido impacto sobre a normalidade da vida urbana durante a construção.
• Capacidade de transporte, numa primeira fase, de 25 mil viajantes por hora (a Linha Interbairros atende atualmente de 10 mil a 12 mil passageiros na hora do pico).
• Comboios moduláveis permitirão equilibrar oferta e demanda.
• Velocidade média de 25 km/h, superior à dos ônibus.
• Poucas exigências de desapropriações e de investimentos em viadutos e/ou trincheiras nos cruzamentos mais críticos.
• Já calculadas as margens para eventuais desapropriações e obras suplementares, custo de R$ 2,6 bilhões – isto é, praticamente o mesmo do metrô Pinheirinho-Centro. O custo por quilômetro (cerca de R$ 70 milhões) seria entre 40% e 70% mais barato do que o do metrô.

Para quem tem dúvidas sobre a convivência do sistema com a vida urbana, os idealizadores lembram que as mais modernas cidades do mundo já abandonaram projetos de metrô e adotaram VLTs – bondes elegantes e modernos que trafegam até mesmo em vias de pedestres. E lembram também que o VLT é a opção de várias cidades brasileiras, como Santos, Goiânia, Cuiabá e Maceió, alguns em construção. São Paulo também já tem estudos adiantados de VLT.