terça-feira, 14 de junho de 2011

Curitiba quer R$ 2,5 bi para construção da 1ª fase do metrô

13/06/2011 - G1 PR

Projeto viário prevê linha do bairro Cidade Industrial ao Centro


O governo federal deve anunciar em agosto quais cidades terão direito a recursos do Programa de Aceleração do Crescimento para Mobilidade (PAC da Mobilidade das Grandes Cidades), destinado à execução de projetos de transportes públicos nas 24 maiores cidades do país. No total são disponibilizados R$ 18 bilhões, sendo que R$ 6 bilhões a fundo perdido.

Curitiba está na disputa junto com outras Regiões Metropolitanas que têm mais de três milhões de habitantes: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Recife, Fortaleza e Salvador. O projeto apresentado pela capital paranaense, ao Ministério das Cidades, solicita R$ 2,25 bilhões para a implantação da primeira fase do metrô, denominado Linha Azul. São 13 estações espalhadas em 14,2 quilômetros entre a estação CIC-Sul - no bairro Pinheirinho - e a Rua das Flores - no centro do município. O metrô será formado por cinco vagões com capacidade para transportar 1.450 passageiros.

Para finalizar a construção do novo transporte coletivo é necessário mais R$ 1 bilhão. A verba restante, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), a prefeitura vai buscar em financiamentos e até em outras vias do governo federal.

Quando concluído, conforme prevê o projeto, o metrô terá 21 estações distribuídas em 22,4 quilômetros de extensão do Terminal do CIC-Sul ao Terminal Santa Cândida. A estimativa de intervalo entre os veículos é de seis minutos nos horários de pico e de que a viajem completa dure 32 minutos.

Com a implantação do metrô, as linhas de ônibus que hoje fazem este trajeto deixam de operar. Os primeiros 2,2 quilômetros da Linha Azul serão percorridos em superfície. O pátio ficará na Linha Verde, próxima a Rua Nicola Pelanda e a primeira estação será a CIC-Sul. Depois, o metrô segue pela Rua Winston Churchill, onde passa pela Estação Terminal Pinherinho, Estação Santa Regina, Estação Terminal Capão Raso e Estação Hospital do Trabalhador.

Na Rua República Argentina, o metrô vai passar pela Estação Terminal Portão, Estação Morretes, Estação Santa Catarina e Estação Água Verde. Em seguida, os vagões entram na Avenida Sete de Setembro e percorrem a Estação Bento Viana, Estação Oswaldo Cruz, Estação Eufrásio Correia e por fim a Estação Rua das Flores, onde termina a primeira fase da implantação do metrô.

Especialistas

O G1 convidou dois especialistas da área de urbanização para analisar o projeto e verificar quais são as chances da capital paranaense conseguir parte deste recurso do governo federal. Os profissionais foram questionados ainda sobre a eficiência da proposta diante da demanda e das características da cidade.

O professor coordenador do Escritório Verde da Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR), Eloy Casagrande Júnior ressaltou a falta de participação da comunidade acadêmica e da sociedade civil na elaboração do projeto. "Não houve espaço para discutir o projeto antes de ser decidir. Esta é a maior critica que tenho", destacou o professor.

O modelo de metrô é retrógrado e o custo é alto, uma vez que não é clara a necessidade da cidade.

Segundo Eloy Casagrande, o modelo do metrô é retrógrado e o custo é alto, uma vez que não é clara a necessidade de metrô na cidade. "Todos os projetos de grandes obras no Brasil acabam saindo o dobro do preço. Isso é histórico", comentou. "Nós precisamos de inovações", complementou o professor universitário. Sobre o projeto de metrô, ele avaliou que não existe uma integração entre modelos e isso não faz com que o projeto se justifique.

O consultor da Ambiens, cooperativa que atua com projetos de planejamento urbano, José Ricardo Vargas de Faria destacou que não há como resolver a questão da mobilidade urbana, em Curitiba, sem o metrô. Para ele, o sistema vai ser benéfico para a rede de transporte público uma vez que a frequência do transporte vai aumentar em uma região de grande demanda.

"Em média a valorização é de 20% a 50% nas regiões próximas ao ponto do metrô"
José Ricardo, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

José Ricardo, que também é professor do Departamento de Transportes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), questionou, entretanto, quanto deve ser o valor cobrado da população para a utilização do novo modal. Segundo ele, tradicionalmente, o preço do bilhete do metrô é mais caro do que os do ônibus. O que segundo o professor beneficia as pessoas com maior poder aquisitivo que vão deixar o carro em casa, mas não as que possuem menos renda e dependem do transporte público.

Há ainda a questão da especulação imobiliária que vem junto com a construção do metrô. “Em média a valorização é de 20% a 50% nas regiões próximas ao ponto do metrô” afirmou José Ricardo. Na avaliação dele, a prefeitura deveria prever no projeto mecanismos para evitar este fenômeno. “Acaba distorcendo e a prefeitura pode atuar para combater, e não tem nenhuma previsão para isso”, destacou.

Com relação ao trajeto escolhido para o metrô, o professor avaliou como correto porque é onde está a maior demanda por transporte coletivo na cidade.