domingo, 15 de janeiro de 2012

Projeto do metrô divide pré-candidatos a prefeito em Curitiba

15/01/2012 - Bem Paraná

Enquanto Ducci, Ratinho Jr e petistas defendem, Fruet, Greca, Renata Bueno e Camargo criticam modelo.

Com o trânsito de Curitiba cada vez mais complicado pelo crescimento do número de veículos, em especial dos carros, e a saturação do transporte público, o metrô já aparece como um dos temas mais polêmicos e em evidência na disputa pela sucessão municipal na Capital. E entre os pré-candidatos à prefeito, há visões bem diferentes e antagônicas em relação ao modelo que deve ser adotado pela cidade.

Boa parte dos concorrentes é crítico do projeto defendido pela gestão do atual prefeito e pré-candidato à reeleição, Luciano Ducci (PSB), que prevê a construção de uma primeira linha subterrânea, de 14 quilômetros de extensão, aproveitando o traçado das canaletas do ônibus expresso, desde a estação CIC Sul (próxima a Rua Nicola Pelanda) até a Rua das Flores, no Centro (percorrendo 13 estações). Os investimentos previstos nesta fase são da ordem de R$ 2,25 bilhões. O projeto prevê uma capacidade de transportar 400 mil pessoas diariamente.

Em defesa da proposta, o prefeito tem como argumento o fato do governo federal ter autorizado o repasse de R$ 1 bilhão a fundo perdido para a obra. E da própria presidente Dilma Rousseff ter elogiado o projeto de Curitiba, afirmando que ele seria referência para o País. Ducci conta ainda com outros R$ 300 milhões do governo do Estado e R$ 500 milhões a serem obtidos através de parcerias com empresas privadas.

Ao lado do atual prefeito na defesa desse projeto está ainda os deputados federais e pré-candidatos Ângelo Vanhoni (PT) e Ratinho Júnior (PSC). Ao contrário de Vanhoni, porém, Ratinho Júnior, autor de uma emenda ao Orçamento federal que destinou recursos para a obra, considera que a cidade precisa pensar em outras alternativas a longo prazo, como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ou um bonde elétrico para ampliar a capacidade do sistema. O deputado federal Ângelo.

Os outros dois pré-candidatos petistas, o  deputado federal Dr Rosinha e o deputado estadual Tadeu Veneri, também defendem o atual projeto, até pelo fato dele ser apoiado pelo governo Dilma Rousseff, e ser tido, portanto como um fato praticamente consumado. Mas ambos fazem reparos à proposta. A exemplo de Ratinho Júnior, Rosinha também considera o metrô necessário, mas fala igualmente na necessidade de outras alternativas, como o VLT.

Já Veneri considera o metrô uma alternativa de longo prazo, mas afirma que antes disso é preciso investir na melhoria do sistema atual, para atrair os usuários do transporte individual para o coletivo. Para isso, afirma, é preciso que andar de ônibus seja visto como mais atrativo do que de carro.

Um dos principais rivais de Ducci na corrida sucessória, o ex-deputado federal Gustavo Fruet (PDT) também acha que o atual projeto é inevitável porque os recursos federais já foram liberados com base nesse modelo. Mas considera que é preciso discutir o modelo de concessões e da definição das tarifas antes do lançamento dos editais. Até para evitar o risco de aumento das mesmas.

Monotrilho - Outros três prés-candidatos à cadeira do atual prefeito são frontalmente contrários ao projeto da administração municipal. O ex-prefeito Rafael Greca (PMDB) diz que ele é dispendioso e ineficaz. O peemedebista defende a implantação de uma rede multimodal, que incluiria um monotrilho elevado aproveitando as faixas remanescentes das ferrovias. Diz que com o mesmo recurso previsto para os primeiros 14 quilômetros de metrô seria possível fazer 42 quilômetros dessa rede. Em resposta aos críticos do monotrilho, ele alega que esse modelo foi adotado com sucesso em Dubai, Las Vegas ou Mumbai.

A vereadora Renata Bueno (PPS) também avalia que o projeto da prefeitura não agrega novas alternativas ao sistema, mas apenas substitui o que já existe, no caso as linhas de canaletas de ônibus. Ela defende um modelo que opere em outras linhas, transversais, com integração de outros tipos de transporte.

O deputado estadual Fábio Camargo (PTB) é outro crítico ferrenho do projeto proposto. Para ele, a substituição das canaletas por parques de lazer é fora da realidade, e não garante ampliação da capacidade do sistema. Ele defende a implantação de um metrô de superfície.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Metrô com recursos do governo federal é vitrine de Ducci em Curitiba

09/01/2012 - Valor Econômico

Em obras para a Copa a Prefeitura de Curitiba vai investir cerca de R$ 420 milhões, fora o que está previsto pelos governos estadual e federal.

Por Marli Lima

Para o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), 2011 foi o primeiro ano inteiro em que passou no cargo. Ele era vice de Beto Richa (PSDB), que deixou o comando da capital para concorrer e vencer as eleições para o governo do Paraná. Assumiu em abril de 2010 e vai tentar as urnas em 2012. Por isso, além de obras da Copa, vai trabalhar para mostrar outras conquistas, inclusive algumas que estavam em andamento, como o metrô, orçado em R$ 2,25 bilhões, que terá R$ 1 bilhão a fundo perdido do governo federal.

Na pesquisa Ibope divulgada pela Band em dezembro, Ducci aparece como um dos prefeitos melhor avaliados do país com uma soma de 46% de ótimo e bom. "Foi um ano muito bom, acho que dá pra dizer que foi melhor do que o esperado", comenta. "Se 2011 não tivesse mais nada, só essa garantia do metrô já seria motivo para dizer que foi um ótimo ano."

Ducci diz que fez "mais de 1,5 mil obras", sendo dez grandes mudanças viárias, para melhorar o trânsito. "A cidade ganha 1.150 carros novos por semana", conta.

O prefeito informa que, até novembro, a receita corrente aumentou 13% na comparação com igual período do ano anterior, o que representa crescimento real de 6,5%, descontada a inflação. A receita tributária teve crescimento real de 10% e uma novidade no ano foi o Cadastro de Prestadores de Serviço de Outros Municípios. "O aquecimento do mercado imobiliário também ajudou no crescimento da arrecadação", diz.

Para 2012, a equipe de Ducci espera ampliação de 8% na receita corrente. O prefeito diz que "a possibilidade de crise assusta", mas acrescenta que trabalha com "previsão orçamentária conservadora". E cita novamente o metrô como exemplo. "Poderíamos até ter aceitado financiamento para o metrô no PAC da Copa, lá atrás. Mas preferimos esperar um pouco e concorrer ao recurso a fundo perdido do PAC 2", conta. "Em vez de um empréstimo de R$ 700 milhões, conseguimos R$ 1 bilhão a fundo perdido." O metrô de Curitiba não ficará pronto para a Copa.

Ducci diz que o cronograma de obras está em dia. "Das dez grandes obras viárias em andamento, sete têm relação com a Copa", conta, acrescentando que a localização do estádio, em um dos bairros mais populosos de Curitiba, ajuda. "O anel viário era um projeto antigo para a cidade, para aliviar o trânsito no Centro. Por uma feliz coincidência, passa pelo estádio da Copa, além de passar pelos estádios do Coritiba e do Paraná Clube."

Em obras para a Copa a Prefeitura de Curitiba vai investir cerca de R$ 420 milhões, fora o que está previsto pelos governos estadual e federal. O prefeito conta que "a prefeitura buscou e busca fontes de financiamentos", por meio de operações de crédito e convênios com o Estado e a União. Curitiba tem boa credibilidade e já trabalha com agentes financeiros externos. "Os investimentos exigem adequações orçamentárias e a reprogramação do plano de obras para o exercício de 2012 e 2013", explica. Segundo Ducci, "os benefícios das obras da Copa já serão realidade para os curitibanos bem antes de 2014."