sexta-feira, 14 de maio de 2010

Metrô em Curitiba provoca polêmica



14/05/2010 - Valor

A chegada do metrô a Curitiba está provocando discussões sobre o futuro do sistema de transporte urbano da capital paranaense, considerado exemplar e imitado em mais de 80 países. Para alguns urbanistas, a implantação do transporte subterrâneo na capital paranaense é bem-vinda como um complemento para o sistema de transporte adotado no município, batizado de Bus Rapid Transport (BRT), que já exibe sinais de estrangulamento por conta do próprio crescimento da cidade. Para outros, entre eles o ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná, Jaime Lerner, que introduziu o BRT na cidade nos anos 70, o sistema de transporte por superfície necessita apenas de ajustes, dispensando-se a necessidade da introdução do metrô, um meio de transporte cuja implantação é considerada cara.
O metrô de Curitiba terá 22 quilômetros de extensão, repartidos entre 21 estações, ligando os terminais de ônibus de CIC Sul, na Zona Sul da cidade, e Santa Cândida, na zona Norte. O metrô atenderá a Zona Sul de Curitiba, a região da cidade que mais cresce, diz o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Cléver de Almeida. Sua construção demandará investimentos de R$ 3,5 bilhões. A primeira fase, que abrangerá 13 quilômetros entre CIC Sul e a praça Eufrásio Correia, no centro da cidade, terá um custo de R$ 2 bilhões e deverá estar concluída no inicio de 2014, antes, portanto, do início da Copa do Brasil, que terá Curitiba como uma das cidades-sede.
Segundo ele, algumas características do projeto do metrô serviram para reduzir o seu custo. O presidente do Ippuc diz que 8 quilômetros do metrô serão construídos a uma profundidade mais baixa, com redução dos custos das suas obras. Além disso, o metrô será construído seguindo o traçado da Linha Verde, outro projeto de entroncamento de transporte por ônibus que está sendo implantado, que resultará em redução dos valores de desapropriações.
Precisamos fugir desse falso dilema da mobilidade urbana dividida entre o automóvel e o metrô, diz Lerner. A cidade não se viabiliza somente com o automóvel e não pode ficar aguardando o metrô, que às vezes não vem. Ele acrescenta que frequentemente, quando se pensa em metrô, se imagina que ele estará ali, na porta de casa, destacando que a construção de linhas do transporte subterrâneo exige vultosos investimentos.
Em artigo publicado na imprensa paranaense, Lerner afirmou que são transportados diariamente 2,3 milhões de passageiros no sistema de transporte em superfície, mais ou menos o mesmo que o metrô de São Paulo, ou o metrô e o trem de subúrbio do Rio de Janeiro, juntos.
Lerner defende a continuidade e aprimoramento do sistema.. Ele abriu um caminho para Curitiba. Temos pela frente um longo caminho no que se refere ao aperfeiçoamento desse sistema, diz. Confrontado com as críticas de que o sistema de transporte por ônibus articulados que trafegam em canaletas exclusivas apresenta pontos de estrangulamento, Lerner defende a retomada da eficiência com sincronia dos semáforos para que os ônibus parem o mínimo possível. Tem de se manter uma frequência de passagem dos ônibus nas estações-tubo de no máximo 30 segundos.

sábado, 1 de maio de 2010

Metrô de Curitiba pode custar R$ 3,5 bilhões


27/4/2010
Gazeta do Povo (PR)

O projeto preliminar da prefeitura de Curitiba para o metrô prevê investimentos de R$ 3,5 bilhões, segundo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Ele deve se reunir amanhã com o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, em Brasília, para tratar da inclusão da obra na segunda versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Esses são números preliminares. A primeira versão previa R$ 2 bilhões. Nas últimas reuniões nos falaram que os investimentos poderão somar R$ 3,5 bilhões", afirmou Bernardo.

O ministro disse que ainda não sabe quanto a União poderá bancar do projeto. "Vamos perguntar quanto a prefeitura pode comprometer e vamos ver. Não podemos dizer que vamos dar metade porque, como ainda não há um projeto fechado, esses números variam."

O metrô de Curitiba poderá ser incluído em um bolo de R$ 18 bilhões destinados a projetos de mobilidade urbana no PAC2. Mas terá de disputar recursos com Porto Alegre e Belo Hori zonte, que também têm planos de metrô. Somente os gaúchos devem levar R$ 4 bilhões.

Recentemente, Bernardo disse que não acredita que o projeto fique pronto a tempo para a Copa do Mundo de 2014. "Não estamos discutindo metrô para a Copa porque acho que dificilmente daria tempo para fazer. Pre­cisamos dissociar isso. Até porque, se prometermos um prazo, ao invés do metrô teremos só um canteiro de obras". Para a Copa, o ministro informou que estão garantidas obras como o corredor de transporte do Aeroporto Afon so Pena até a Rodoferroviária, as melhorias na Avenida Visconde de Guara puava e a continuação da Linha Verde.

No fim do ano passado, o então prefeito Beto Richa se reuniu com Bernardo para tentar incluir a obra do metrô no PAC da Copa, mas não teve sucesso. O governo federal propôs que Curitiba financiasse toda a obra e ofertou R$ 960 milhões em financiamentos. A prefeitura afirmou que não teria condições de bancar o projeto sozinha.

Paulo Bernardo, que ontem participou do lançamento da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) no Paraná, em evento promovido pela Fe deração das Indústrias do Paraná (Fiep), também afirmou que considera sensata a possibilidade de retirar algumas cidades-sede da Copa de 2014 em função do atraso de obras. "Precisamos levar em consideração que em muitas cidades e estados houve troca de governo, como é o caso de Curi tiba e do Paraná. Teremos de ver com esse novo pessoal como está o cronograma de obras e fazer uma reavaliação", afirmou.